Professor: Adelma Lúcia
de Oliveira S. Araujo
Assistentes: Emiliano
de Souza Paula e Felipe de Souza Gonzaga
Mídias na Educação
Polo Ipatinga
Aluno: Vinícius Horta
Albuquerque Miranda
1.
Introdução
O
período posterior ao término da Ditadura Militar de 1964-85 é comumente
associado a uma redemocratização política e quase nunca a uma redemocratização
econômica. Os primeiros anos deste período são marcados por uma grande
instabilidade política devido aos problemas econômicos herdados dos militares e
cuja principal preocupação dos governantes que os seguiram será a de controlar
esse “monstro”. Neste sentido, surgiram diversos planos econômicos cujos
objetivos eram (re)democratizar o consumo no país e que tiveram algum sucesso
momentâneo, mas logo em seguida mostraram suas fraquezas agravando ainda mais o
problema. A crise econômica brasileira estava muito além da inflação, para ser
resolvida havia a necessidade de modernizar a economia do país. Inseri-lo de
fato na globalização e atrair investimentos externos tornou-se imprescindível.
Basicamente, por esta razão o neoliberalismo cresceu no país e dá início aos
projetos de privatizações e elevação das taxas de juros. Foi um período longo e
doloroso, o patrimônio nacional diminuía e a inflação crescia fermentada por
escândalos de corrupção. O projeto que deu maior fôlego para a economia
brasileira veio oito anos depois da primeira eleição presidencial pós-ditadura
e se inspirou enormemente no primeiro de uma série de planos, o Cruzado. O
Plano Real buscou não somente os teóricos que o elaboraram, mas também algumas
de suas medidas, como, por exemplo, o aumento da carga tributária e o
congelamento do câmbio. Todavia se diferenciou dele e dos demais por ter sido mais
abrangente nas suas medidas e ter encontrado terreno propício à estabilidade,
uma vez que a recomposição do tesouro nacional (através das privatizações,
aumento da carga tributária, enxugamento da máquina e criação do Fundo Social
de Emergência) deu o lastro necessário à nova moeda que pôde contar por quatro
anos com a paridade com dólar.
A
importância do Plano Real não acaba com o sucesso prolongado de combate à
inflação. Para muitos historiadores e economistas ele é visto como uma das
causas para outros problemas que tiveram suas soluções adiadas devido à
urgência de combate à inflação. O programa de privatização teve como uma de
suas justificativas a transferência dos investimentos para a iniciativa
privada, uma vez que se ficasse responsável pelo Estado, o governo seria
obrigado a emitir títulos da dívida pública e papel moeda sem lastro o que
agravaria ainda mais a inflação; a elevada taxa de juros ao mesmo tempo em que
atraía investidores internacionais desestimulava a indústria nacional a investir
no setor produtivo, a diferença é que o capital externo vai embora nos momentos
de crise (1996 e 1999) e o investimento nacional fica. O soldo dessas medidas
teve algo positivo nos 2 primeiros anos, mas depois o mercado cobrou essa
conta: o desemprego aumentou, ultrapassando os níveis de 1993; a dívida pública
aumentou drasticamente e as inúmeras vendas de dólares feitas pelo Banco
Central corroeram o tesouro nacional obrigando o governo a liberar a flutuação
do câmbio. Ou seja, praticamente tudo que o governo fez para conseguir a
estabilidade da moeda foi embora na tentativa de assim mantê-la.
2. Tema
da proposta
Plano
Real: implementação, consolidação e consequências.
2.1 Delimitação
do Tema: problemas, questões a serem investigadas
Previamente
será analisado o contexto político-econômico do país no período anterior à
implementação do Plano Real – governos Sarney e Collor. A partir daí será
discutido o porque das medidas adotadas nos planos anteriores não obtiveram
sucesso: congelamento de preços, gatilho salarial e confisco da caderneta de
poupança. Esta análise servirá de contraponto ao ser estudado o Plano Real, uma
vez que a condição econômica do país a partir de 1994 já estava mais favorável
ao seu “sucesso”. Será colocada em debate a maneira como as privatizações
contribuíram para o funcionamento do plano; a forma encontrada pelo governo
para acumular riqueza; e as consequências geradas por essas medidas de
austeridade.
2.2 Justificativas:
2.2.1
Justificativa de cunho teórica
O
porque de se compreender este tema está na base política e econômica do
desenvolvimento histórico do país na virada do século XX para o XXI. A
tentativa de combater a inflação não só elegeu um presidente como depôs outro.
As ações políticas e econômicas ao longo de quase toda a década de 1990 tiveram
como objetivo estabilizar a economia para propiciar o seu desenvolvimento que
foi acelerado a partir dos anos 2000. E por conta disso, as medidas do Plano
Real foram, mesmo que a um elevado preço, responsáveis pela reinserção do
Brasil na economia global.
2.2.2
Justificativa de cunho social
O
desenvolvimento do pensamento crítico em relação à história recente se torna
imprescindível, uma vez que o presente no qual se vive está relacionado
diretamente com ela. Entender as bases políticas e econômicas que deram origem
ao contexto atual dá ao cidadão a capacidade de analisar bem os discursos dos
dois blocos políticos que em até certo ponto se mantiveram em lados oposto no
espectro político nacional. O PSDB viveu a época da estabilização já o PT o da
consolidação econômica. Nos dias atuais ambas as partes querem creditar o bônus
do recente desenvolvimento brasileiro à sua conta. Caberá por tanto ao cidadão
analisar os discursos, fatos e versões de cada uma das partes para tomar sua
decisão. Infelizmente, apenas com esta proposta será difícil compreender o
contexto histórico atual do país, no entanto ele dará suporte a um
aprofundamento destas questões que estão fora de seu limite.
2.3 Objetivos:
geral e específicos
Discutir e analisar o contexto
econômico brasileiro a partir do ano de 1994, dando ênfase às alterações
causadas pela implementação do plano e debater acerca das temáticas:
Estado-mínimo; privatizações; inflação; dívida externa; dependência externa;
desemprego; crise cambial e discutir até que ponto o Plano Real influenciou
nessas questões.
3. Marco
Teórico
“(...) com
relação ao seu papel no interior da política de estabilização, podemos constatar
que, do ponto de vista da solução para o problema da dívida interna, as
privatizações não conseguiram, nem de longe, impedir o seu impressionante
crescimento. Mesmo no que concerne ao plano externo da economia, onde o
objetivo com as privatizações era permitir a entrada de capitais estrangeiros
na forma de investimento diretos, dando um tempo maior para a política de
estabilização substituir a “âncora cambial”, o Governo não obteve sucesso. A
situação se deteriorou rapidamente e a crise cambial se abateu sobre o país,
apesar do enorme programa de privatização executado pelo Governo Cardoso.
Mais recentemente,
após a desvalorização do real, as condições estruturais precárias do país, de
dependência externa e fragilização financeira do setor público – aprofundadas
nos últimos anos com as políticas liberais –, permanecem as mesmas; em que pese
uma situação conjuntural menos dramática do que aquela imaginada inicialmente,
quando do início da crise cambial”.[1]
4. Metodologia
Aula expositiva Redemocratização política e econômica nas
décadas de 1980 e 90; Leitura de documentos e textos referentes ao Plano Real
e ao Governo FHC; Debate com os alunos sob orientação do professor e; Análise
de gráficos e tabelas referentes ao período anterior e posterior à
implementação do Plano que abordem: elevação da taxa de juros, intensificação
das privatizações; crescimento da dívida pública e aumento do desemprego.
4.1 Tipo
de pesquisa e universo do estudo;
A
pesquisa a ser desenvolvida será de cunho histórico, uma vez que o objetivo
dela é a compreensão de um processo político que norteou o desenvolvimento
brasileiro por quase toda a história recente do país. Ela abrangerá às
principais medidas que propiciaram ao Plano Real controlar a inflação –
políticas neoliberais: privatizações, Estado-mínimo, juros altos –, bem como as
consequências de sua implementação – aumento da dívida pública, desemprego e
precarização dos serviços públicos.
4.1.1
Público a ser envolvido
A
proposta de pesquisa será desenvolvida com alunos do 2º e/ou 3º ano do Ensino
Médio, sendo que a maioria dos envolvidos possui idade entre 16 e 18 anos.
4.2 Recursos
didáticos: mídias e tecnologias a serem utilizadas;
O
uso do computador doméstico pelos alunos será constante, pois será através dele
que os alunos terão acesso aos textos disponibilizado pelo professor e a
informações sobre o assunto na internet, bem como poderão se interagir por um
grupo criado no Facebook para promover a discussão entre eles e com o professor;
Ao longo das discussões o acesso à internet pelo celular e/ou computador
portátil será muito bem vindo, pois assim será possível esclarecer boa parte
das dúvidas que surgirem com muito mais praticidade e rapidez e; Os gráficos e
tabelas serão apresentados através de projeções com datashow.
4.3 Dinâmica
da atividade
As
atividades ocorreram tanto em sala de aula, quanto fora dela. A parte de
pesquisa e estudo ocorrerá em momentos fora da sala de aula, em casa ou até
mesmo dentro da escola, seja individualmente ou em grupo – como os alunos
acharem melhor. Parte da discussão será online, através de um grupo no Facebook
e a outra parte será na sala, com todos reunidos e expondo de uma maneira mais
condensada o seu entendimento e a sua contribuição. Além disso, será ministrada
uma aula expositiva de contextualização histórica do período no qual o Plano
Real se insere e outra dialogada para cobrir eventuais pontos deixados de lado
pelos alunos.
5. Cronograma
de trabalho - proposta das etapas a serem
realizadas
A
atividade será dividida em 4 etapas: A primeira delas será a de
contextualização, através de uma aula expositiva, do período anterior à
implementação do Plano Real – cujo objetivo é explicar o funcionamento dos
planos que o antecederam e entender o desenvolvimento político-econômico do
país naquele período; A segunda etapa será a de estudo e discussão online
acerca do Plano Real a ser realizado fora de sala de aula e também no ambiente
virtual; A terceira etapa será coletiva e em sala de aula, consistirá no debate
entre os alunos com orientação do professor, neste momento haverá a exposição
de alguns números que os ajudarão a compreender o cenário social antes e depois
do plano no Brasil – este momento poderá durar até duas aulas; Por fim, a
última etapa será uma aula dialogada com objetivo de trazer à tona quaisquer
pontos que tenham sido negligenciados durante o debate, consumindo não mais do
que uma aula. No total serão gastos no máximo quatro encontros ou aulas.
6. Referências
bibliográficas
FAUSTO,
Sérgio. Modernização pela via democrática. In: FOUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora
da USP, Ed. 14ª, 2012, p.467-522.
FILGUEIRAS,
Luiz. História do Plano Real, São Paulo: Boitempo Editorial, 2000.
FILGUEIRAS,
Luiz. Reestruturação produtiva, globalização e neoliberalismo: capitalismo e
exclusão social neste final de século. In: Cadernos do CEAS, Salvador,
set-out/1997, nº171, p.9-29.
SUASSUNA,
Luciano e NOVAES, Luiz A. Como Fernando
Henrique foi eleito presidente, São
Paulo: Contexto, 1994.